quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A BRUXA



Nesta cidade do Rio,
De dois milhões de habitantes,
Estou sozinho no quarto,
Estou sozinho na América.

Estarei mesmo sozinho?
Ainda há pouco um ruído
Anunciou vida a meu lado.
Certo não é vida humana,
Mas é vida. E sinto a bruxa
Presa na zona de luz.

De dois milhões de habitantes!
E nem precisava tanto...
Precisava de um amigo,
Desses calados, distantes,
Que lêem verso de Horácio
Mas secretamente influem
Na vida, no amor, na carne.
Estou só, não tenho amigo,
E a essa hora tardia
Como procurar amigo?

E nem precisava tanto.
Precisava de mulher
Que entrasse neste minuto,
Recebesse este carinho,
Salvasse do aniquilamento
Um minuto e um carinho loucos
Que tenho para oferecer.

Em dois milhões de habitantes,
Quantas mulheres prováveis
Interrogam-se no espelho
Medindo o tempo perdido
Até que venha a manhã
Trazer leite, jornal e calma.
Porém a essa hora vazia
Como descobrir mulher?

Esta cidade do Rio!
Tenho tanta palavra meiga,
Conheço vozes de bichos,
Sei os beijos mais violentos,
Viajei, briguei, aprendi.
Estou cercado de olhos,
De mãos, afetos, procuras.
Mas se tento comunicar-me
O que há é apenas a noite
E uma espantosa solidão.

Companheiros escutem-me!
Essa presença agitada
Querendo romper a noite
Não é simplesmente a bruxa.
É antes a confidência
Exalando-se de um homem.

(ANDRADE, Carlos Drummond de Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1976, p. 63).

LAGOA




Eu não vi o mar.
Não sei se o mar é bonito,
Não sei se ele é bravo.
O mar não me importa.

Eu vi a lagoa.
A lagoa, sim.
A lagoa é grande
E calma também.

Na chuva de cores
Da tarde que explode
A lagoa brilha
A lagoa se pinta
De todas as cores.
Eu não vi o mar.
Eu vi a lagoa...

(ANDRADE, Carlos Drummond de Sentimento do mundo. Rio de Janeiro: Record, 1998, p. 29).

sábado, 22 de outubro de 2011

Interferências da Sociedade


No vídeo “Minha vida de João”, o lápis, que representa a sociedade, faz diversas interferências na vida do menino chamado João. Uma das mudanças que mais se destacaram, de acordo com sexualidade, foi quando o lápis apagou o que o menino vestia e lhe deu roupas apropriadas, segundo a sociedade em que ele vivia.
Essas intervenções seriam muito normais ou talvez nem fossem notadas pela maioria das pessoas que compõem a sociedade brasileira.
Por mais que possa ser estranho para algumas pessoas, inclusive você leitor, acredito que esse ato foi muito grave, pois não deixou o menino se descobrir naturalmente. Mesmo que ele continuasse a se vestir daquela maneira não significaria que ele fosse homossexual. A visão de que o homossexual é “mulherzinha” ou “macho fêmea” está quase que totalmente errada, pois a pessoa que é homossexual simplesmente sente atração por indivíduos do mesmo sexo, e não que essa pessoa queira ser homem sendo mulher ou queira ser mulher sendo homem.




No vídeo “Vida Maria”, a menina, como todos nós, começa a ser socializada desde muito cedo só que com algo diferente. Maria, como a maioria das pessoas, não conseguiu criar uma mente própria, talvez porque era incapaz ou por dependência.
Outra realidade mostrada no filme era que ao sermos socializados, passamos para as gerações futuras o que nos foi submetido como certo e errado.
Marias eram meninas humildes do interior, provavelmente nordestino, que viviam exercendo o que lhe era proposto e o que era considerado obrigação para as mulheres – serviços domésticos.
Elas cresciam cumprindo esses supostos deveres e se enlaçavam com um homem. Depois de se casarem, tinham que dar roupa lavada, comida pronta na hora certa e varias outras coisas, como serem “escravas” sexuais.

Sócrates e o conhecimento filosófico


A cartum do Quino faz referência ao filosofo grego Sócrates, que viveu no século V a.C., em Atenas. Sócrates dedicou a vida a praticar a filosofia com aqueles que estivessem dispostos a investigar suas próprias idéias e distinguir o verdadeiro do falso. Entre os companheiros de diálogo de Sócrates estavam principalmente os jovens atenienses. Entre eles, um discípulo que mais tarde se tornaria um filósofo famoso, Platão. Foi Platão quem escreveu os Diálogos, nos quais Sócrates aparece como personagem e interlocutor de conversas filosóficas sobre os mais variados temas: o amor, a virtude, a morte, a verdade, a aprendizagem...
Lendo os Diálogos, podemos perceber que o método de investigação que Sócrates utilizava para filosofar caracterizava-se por:
.    Reconhecer a própria ignorância como ponto de partida e abertura para conhecer;

.    Fazer perguntas que levassem o interlocutor a examinar cuidadosamente as idéias que ele e os outros apresentavam sobre o tema em discussão.


Além de filósofo, Sócrates era um bom cidadão, excelente guerreiro e costumava encantar muitos jovens com sua prática filosófica.
Entretanto, quando ele tinha aproximadamente 70 anos, foi levado ao tribunal, acusado de ateísmo e corrupção da juventude. Julgado e condenado foi obrigado a beber cicuta (veneno). Seus amigos o incentivaram a fugir, mas Sócrates cumpriu as leis da cidade que amava e pela qual tantas vezes havia lutado em guerras, para defender e a democracia.

Conhecimento filosófico
Se o filósofo é aquele que busca a verdade mas não a possui, se é aquele que interroga sobre todas as coisas, o que será então o conhecimento filosófico? Se você está se fazendo esta pergunta, estamos caminhando bem. Uma resposta óbvia é que o conhecimento filosófico é produto da atitude filosófica desenvolvida. Ou seja, o exercício e o processo do filosofar produzem o conhecimento filosófico. Mas isso é pouco, e alguém poderia perguntar “sim, mas qual a diferença entre o conhecimento filosófico e outros tipos de conhecimento, como a matemática, a biologia, a arte, a religião, a sabedoria popular ou qualquer idéia que nos ocorra”? Bem, é preciso examinar, então, que semelhanças e diferenças a filosofia tem quando comparada a essas outras formas de conhecimento.

A filosofia não é uma doutrina, mas uma atividade (Ludwig Wittgenstein): 
A atitude filosófica que Wittgenstein demonstra é um pensamento já construído (conhecimento filosófico). A filosofia seria uma atividade sem fim, pois sempre apareceriam questões que tivessem de ser respondidas por esse pensamento infinito. A filosofia é um conhecimento que abre portas para mais informações, um conhecimento que gera vários outros.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O anel de Giges

O texto a seguir faz parte do livro “A República” de Platão. É Glauco, irmão de Platão, e também discípulo de Sócrates quem fala. Ele está em plena discussão com seu mestre, procurando entender o real sentido do que seria a Justiça. Para defender sua tese relata a lenda de Giges, o pastor, figura dos homens honestos. Na lenda, Giges que é pacífico como o rebanho que conduz às pastagens, fiel e pontual servidor de seu senhor, o rei da Lídia, comete as piores injustiças, os crimes mais odiosos, por causa de um acontecimento acidental, a descoberta de um anel maravilhoso que o torna invisível. As peripécias da descoberta, o tremor de terra, o cavalo de bronze, o cadáver gigantesco, a experiência das virtudes do anel, por mais surpreendentes e dramáticas que sejam, não constituem a verdadeira tragédia, isto é a descoberta do verdadeiro significado da justiça.
Glauco; toma ao pé da letra a história do anel e conclui que ninguém praticaria a justiça se fosse como Giges, invisível, isto é, se não estivesse submetido à vigilância das leis. Em conseqüência, a injustiça, que todos os homens cometem logo que são entregues a si mesmos, é vista por todos como um bem; e a justiça longe de ser um bem verdadeiro, é só uma convenção, contrária à sinceridade. Os seres humanos só a praticariam atos de justiça por temerem serem eles mesmos vítimas da injustiça. Sócrates tomará outros caminhos, que levarão a mostrar que a injustiça é o mal mortal da alma e que a justiça é o mais autêntico dos bens.


Ora, que aqueles mesmos que, por impotência em cometer injustiça, tratam de ser justos e não se esforçam de bom grado, é do que nos daríamos conta; não poderíamos fazê-lo melhor lançando uma hipótese como esta: depois de ter dado licença a cada um de fazer tudo o que pudesse querer fazer, tanto ao justo quanto ao injusto, nós os acompanharíamos em seguida, observando aonde a inclinação conduzirá cada um. Dado isto, surpreenderíamos o justo em vias de ir ao mesmo fim que o injusto, em virtude da cobiça por mais, deste fim que é natural a todo ser buscar como um bem, enquanto que por imposição a lei o desvia em direção ao grande caso que ele deve fazer da igualdade! Teríamos a melhor ilustração da espécie de licença que falo se pudesse acontecer a cada um desses dois homens possuírem um poder análogo ao que, segundo a lenda, coube outrora a Giges, o lídio. Ele, vocês sabem, era um pastor empregado do príncipe que reinava até então na Lídia; depois de uma chuva abundante e de um tremor de terra, a terra se abriu num ponto e um abismo se produziu no lugar do pasto. Vendo isto, cheio de surpresa, desceu ao abismo e, entre outras maravilhas, comuns nos contos, percebeu aí um cavalo de bronze, oco, com janelas que lhe permitiram, inclinando-se para o interior, ver que aí se achava um cadáver (era evidentemente um), de um tamanho que sobrepujava o de um homem e sem mais nada com ele do que um anel de ouro na mão; tendo retirado o anel, voltou com ele à superfície. Ora, na época da reunião costumeira dos pastores, para apresentar ao rei um relato no que se refere aos rebanhos, ele chegou usando o anel em questão. Mas, uma vez estando com os outros, aconteceu-lhe de girar em direção de si, por acaso, o engaste do anel dentro de sua mão. Ora, tão logo aconteceu isso, ele se tornou invisível para os que estavam sentados ao seu lado, que se puseram a falar dele como de alguém tivesse ido embora. Surpreso com isso e, tendo recomeçado a tatear discretamente o anel, voltou o engaste para fora e, uma vez que o girou, tornou-se visível novamente. Tendo refletido em seguida sobre isso, Poe à prova a propriedade do anel e os resultados respondem à sua expectativa: quando gira para dentro o engaste, torna-se invisível quando gira para dentro o engaste, torna-se invisível e visível quando gira para fora. Depois de ter assim reconhecido que o era infalível, introduz-se na delegação que vai até o rei, e uma vez chegado ao palácio, seduz a esposa deste; depois, com a cumplicidade desta, ataca o rei, mata-o e se apossa do poder.
Dito isto, suponhamos que haja dois anéis deste gênero; que um, o justo põe no dedo e o outro, o injusto o põe; pode-se crer que não se encontraria um só homem com coração de suficiente boa têmpera para permanecer na justiça, de ter a coragem de se manter à distância do que pertence a outro e não se apossar disso, quando lhe é possível tomar com segurança, no mercado, tudo o que lhe agradasse; penetrando nas casas, ter comércio com quem lhe agradasse; matar, tanto quanto libertar das cadeias quem lhe agradasse; em suma, fazer tudo, como um deus na condição humana! Ora, conduzindo-se deste modo, este justo não faria nada que o distinguisse do outro, mas seria para o mesmo objetivo que ambos caminhariam. E seguramente existe, poder-se-ia dizer, séria razão em pensar que ninguém é justo de bom grado, mas por imposição; indício de que não existe aí um bem possuindo um valor independente, posto que em todas as ocasiões em que alguém puder sequer ter imaginado ser indiferente cometer uma injustiça, cometerá uma injustiça; sim, porque todo homem está convencido de que a injustiça possui um valor independente, vantagens muito superiores à da justiça: convicção justificada, dirá o que fala a favor de tal doutrina. Se, com efeito, um homem que se arrogasse tal licença, não consistisse nunca em cometer uma injustiça, não tomasse o que pertence a outro, seria, na opinião de todos comumente, o que há de ser mais infeliz e o que há de mais irracional. Por outro lado, em face um dos outros, fariam seu elogio, mentindo uns aos outros em virtude do medo que têm de ser vítimas da injustiça. Eis, pois, sem dúvida, o que é, quanto a este ponto (Platão – A república, Livro II).

Identificando e problematizando os fatos sociais

Leia o trecho abaixo. Refere-se a um trecho da obra: “Triste Fim de Policarpo Quaresma” de 1915, do autor brasileiro Lima Barreto (1881-1922). Neste trecho, o autor comenta acerca de um casamento, que ocorrerá com um das personagens de sua história.

"Noiva havia quase cinco anos, Ismênia já se sentia meio casada. Esse sentimento junto à sua natureza pobre fez não sentir um pouco mais de alegria. Ficou no mesmo. Casar, para ela, não era um negócio de paixão, nem se inseria no sentimento ou nos sentidos: era uma idéia, uma pura idéia. Aquela sua inteligência rudimentar tinha separado da idéia de casar o amor, o prazer dos sentidos, tal ou qual liberdade, a maternidade, até o noivo. Desde menina, ouvia a mamãe dizer: “Aprenda a fazer isso, porque quando você se casar...”, ou senão: “Você precisa aprender a pregar botões, porque quando você se casar...”
A todo instante e a toda hora, lá vinha aquele – “porque, quando você se casar...” – e a menina foi se convencendo de que toda a existência só tendia para o casamento. A instrução, as satisfações íntimas, a alegria, tudo isso era inútil; a vida se resumia numa coisa: casar.
De resto, não era só dentro de sua família que ela encontrava aquela preocupação. No colégio, na rua, na casa de famílias conhecidas, só se falava em casar.“Sabe, dona Maricota, a Lili casou-se; não fez um grande negócio, pois parece que o noivo não é lá grande coisa”; ou então: “A Zezé está doida para arranja casamento, mas é tão feia, meu Deus!...”A vida, o mundo, a variedade intensa dos sentimentos, das idéias, o nosso próprio direito à felicidade, foram parecendo ninharias para aquele cerebrozinho; e de tal forma casar-se se lhe representou coisa importante, uma espécie de dever, que não se casar, fica solteira, “tia”, parecia-lhe um crime, uma vergonha.De natureza muito pobre, sem capacidade para sentir qualquer coisa profunda e intensamente, sem quantidade emocional para a paixão ou para um grande afeto, na sua inteligência a ideia de casar-se se incrustou teimosamente como uma obsessão."

Émile Durkheim e os fatos sociais



Émile Durkheim (1858-1917) é considerado um dos cientistas que fundamentam a teoria do pensamento sociológico. Este autor pretendia fazer da sociologia uma ciência tão racional e objetiva quanto a Física ou a Biologia. Mas, como fazer isso, se a Sociologia lida com seres humanos que mudam a todo o momento, que tem sentimentos, emoções, ideias e vontade própria, ao contrário dos fenômenos físicos ou biológicos? Durkheim tentou resolver esse complexo problema postulando como princípio fundamental da Sociologia que os fatos sociais devem ser considerados como coisas, assim como uma reação química é uma “coisa”, para um químico, isto é, algo objetivo, capaz de ser estudado, analisado, compreendido e explicado racionalmente. Desse modo, o objeto de estudo da sociologia consistiria nos “fatos sociais”.
Os fatos sociais seriam, assim, coisas externas e objetivas, que não dependem da consciência individual das pessoas para existir. Os fatos sociais, dizia Durkheim, são maneiras de agir, pensar e sentir que podem ser reconhecidas pelo fato de exercerem uma influência coercitiva sobre as consciências particulares. Ou seja, os fatos sociais têm existência própria e são capazes de obrigar (“influência coercitiva”) as pessoas a se comportar desta ou daquela maneira.
Evidentemente, nem sempre essa coerção pode ser percebida como tal. Em muitos casos, simplesmente nos comportamentos como achamos que devemos nos comportar. Entretanto por trás dessa aparência liberdade irrestrita existem hábitos, costumes coletivos, ou mesmo regras, que nós aceitamos como válidas e nos induzem a assumir certas atitudes. Vejamos como isso ocorre.
Um exemplo simples pode nos ajudar a entender esse conceito. Se um aluno chegasse à escola vestido de roupa de praia, certamente ficaria numa situação desconfortável; os colegas ririam dele, o professor lhe daria uma bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para casa para pôr uma roupa adequada.
Existe um modo de se vestir que é comum, que todos seguem (nesse caso, os alunos da escola). Isso não é estabelecido pelo indivíduo. Quando ele entrou no grupo, já existia tal norma e, quando ele sair, a norma provavelmente permanecerá. Quer a pessoa goste ou não, ver-se-á obrigada a seguir o costume geral. Se não o seguir, sofrerá uma punição (que pode ir, conforme o caso, da ridicularização e do isolamento até uma sanção penal). O modo de se vestir é um fato social. São fatos sociais também a língua, o sistema monetário, a religião, as leis e uma infinidade de outros fenômenos do mesmo tipo.
De acordo com Durkheim, os fatos sociais são o modo de pensar, sentir e agir de um grupo social. Embora eles sejam exteriores às pessoas, são interiorizados pelos indivíduos e exercem sobre ele um poder coercitivo.
Resumindo, podemos dizer que, segundo Durkheim, os fatos sociais têm as seguintes características:
Coercitividade: os indivíduos se sentem pressionados a seguir o comportamento estabelecido;
Exterioridade: o fato social é externo ao indivíduo, existe independentemente de sua vontade;
Generalidade: o fato social é comum a todos os membros de um grupo ou à sua maioria.
Assim, para Durkheim é a sociedade, como coletividade, que organiza, condiciona e controla as ações individuais. O indivíduo aprende a seguir normas e regras de ação que lhe são exteriores – ou seja, que não foram criadas por ele – e são coercitivas – limitam sua ação e prescrevem punições para quem não obedecer aos limites sociais. As instituições socializam os indivíduos, fazem com que eles assimilem as regras e normas necessárias à vida em comum.
Sendo assim, devemos entender outro importante ponto da teoria sociológica de Durkheim: a preponderância da sociedade sobre o indivíduo. O indivíduo ao nascer encontra um corpo pronto de regras, valores e condutas – fatos sociais – e a socialização dessas regras são essenciais para sua socialização. No entanto, esse indivíduo, em relação com outros, na medida em que aprende essas regras também é capaz de transformá-las, transformando assim a sociedade. Mas, a sociedade, como um organismo vivo, tende ao equilíbrio, isto é, à construção da harmonia entre seus membros.
Para Durkheim, o principal objetivo da vida em sociedade é a promoção da harmonia da sociedade consigo mesma e com as demais sociedades, e que essa harmonia é conseguida por meio do consenso social, a “saúde” do organismo social se confunde com a generalidade dos acontecimentos. Quando um fato põe em risco a harmonia, o acordo há consenso, e, portanto, a adaptação e a evolução da sociedade; estamos diante de um acontecimento de caráter mórbido e de uma sociedade doente.
Portanto, normal é aquele fato social que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas pela maior parte da população. Patológico é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente. Os fatos patológicos, como as doenças, são considerados transitórios e excepcionais.
Por exemplo: vamos analisar o crime. Você acha que ele é um fato social normal ou patológico? Ele está previsto nos valores e nas condutas presentes na sociedade? Ou apresenta-se fora dos limites permitidos na sociedade? Apesar de o crime ser um fato social passível de punição por seus praticantes, ele, de certo modo, está presumido nas condutas sociais. Vamos ver um exemplo: o assalto está previsto nas regras da sociedade? Apesar de não ser aceitável, ele, sim está previsto. Tanto está previsto que há leis que punem seus praticantes.
Ele não é um fato excepcional ou transitório, pois ocorre cotidianamente em nossa sociedade (diariamente ouvimos notícias sobre assaltos a pessoas, furtos, assalto seguido de morte etc.). No entanto, práticas de crime que foge ao controle das regras preestabelecidas, como por exemplo, a generalização da insegurança e da violência, a banalização da criminalização são fatos patológicos que devem ser “tratados” para trazer de volta a harmonia à sociedade.
Assim, fatos sociais normais e patológicos vão sendo definidos e problematizados no desenvolver das relações sociais, nos diferentes tipos de sociedade.

Paradigmas





Paradigma pode ser entendido por um exemplo, um modelo, uma referência, uma diretriz, um parâmetro, um rumo, uma estrutura, ou até mesmo ideal. Algo digno de ser seguido. Podemos dizer que um paradigma é a percepção geral e comum - não necessariamente a melhor - de se ver determinada coisa, seja um objeto, seja um fenômeno, seja um conjunto de ideias. Ao mesmo tempo, ao ser aceito, um paradigma serve como critério de verdade e de validação e reconhecimento nos meios onde é adotado. Foi o físico Thomas Khun que o utilizou como um termo científico em seu livro “A Estrutura das Revoluções Científicas”, publicado em 1962.
Definimos paradigma como uma matriz disciplinar que sustenta uma concepção de mundo numa determinada época. Um paradigma possui um modelo de racionalidade no qual se incluem todas as esferas, quer científicas, filosóficas, teológicas, ou de senso comum.
Paradigma pretende sugerir que "certos exemplos da prática científica atual - tanto na teoria quanto na aplicação - estão ligados a modelos conceptuais de mundo dos quais surgem certas tradições de pesquisa". Em outras palavras, uma visão de realidade atrelada a uma estrutura teórica apriorística, aceita, estabelece uma forma de compreender e interpretar intelectualmente o mundo segundo os princípios constantes do paradigma em vigor. (KHUN, 1996, p. 121).
A ciência já foi dominada pelo pensamento geocêntrico (ptolomaico), que estabeleceu toda uma produção intelectual coerente com a visão de mundo deste paradigma que estabelecia a terra era o centro do universo. Portanto, quem afirmasse algo como "a Terra é apenas um dentre milhões de outros planetas, e nem mesmo é o mais significativo deles" estaria fadado a ser considerado louco, ignorante ou algo parecido. Posteriormente, observações demonstraram que esta visão era falha e foi sendo substituída - após intensa e violenta resistência dos sábios que defendiam o antigo paradigma - pelo sistema heliocêntrico de Copérnico.
Vivemos hoje sob a crise do paradigma moderno, o qual nasceu com a Ciência Moderna que determinou o modo de ser e agir do ser humano contemporâneo. De maneira larga podemos afirmar que o paradigma moderno, hoje em crise, começou a tomar vulto com o italiano Galileu quando fez os primeiros experimentos que deram origem à racionalidade cientificista que temos atualmente. Imediatamente, na Filosofia, soma com Galileu o francês Descartes e Francis Bacon na Inglaterra. Antes deste modelo, a matriz disciplinar ocidental era da Teologia no período da Idade Média que remetia ao transcendente e à metafísica a explicação de tudo.
Este modelo, porém, foi percebido como imperfeito pelos avanços em astronomia e foi aperfeiçoado pelas descobertas da gravitação universal da física newtoniana; esta, por sua vez, foi drasticamente remodelada, já no século XX, pela Mecânica Quântica e pela Teoria da Relatividade, não sem uma forte resistência de inúmeros doutores e acadêmicos formados na cartilha clássica de Newton e seguidores e sua sólida visão mecanicista da natureza.
Cada uma dessas fases do pensamento científico foi bem sucedida em determinados períodos de tempo. Dando novas perspectivas para a compreensão da realidade física, condicionavam a atitude científica e estabeleciam quais seriam os critérios de pesquisa, freqüentemente ligados à maneira como se esperava que o mundo devesse funcionar de acordo com o modelo (paradigma) adotado.
Fica claro que a ciência não é um processo de descoberta, em sentido estrito, de uma realidade dada, porém parece ser mais um processo de construção intelectualmente coerente para explicar certos fenômenos ou em outras palavras, a ciência se constrói em cima de alguns fundamentos filosóficos bem definidos, mesmo que não sejam muito conscientes, atualmente no mecanicismo, no reducionismo.
Um novo paradigma precisa ser construído para a ciência, para a educação, para a tecnologia e para a sociedade. A fragmentação é viável e aceitável na medida em que a mesma pense no todo, porem não é isto que esta acontecendo tanto no meio cientifico como no social, cultural e político.

Veja agora as músicas “Vá morar com o diabo” e “Olhos nos Olhos”, e interprete suas letras. Veja algumas das representações que apontam alguns paradigmas (modelos de comportamento) atribuídos pelos autores ao gênero feminino:

Vá morar com o Diabo                       
Cássia Eller
Composição: Riachão



Ai, meu Deus!
Ai, meu Deus!
O que é que há?
Ai, meu Deus!
Ai, meu Deus!
O que é que há?
A nega lá em casa
Não quer trabalhar

Se a panela tá suja
Ela não quer lavar
Quer comer engordurado
Não quer cozinhar
Se a roupa tá lavada
Não quer engomar
E se o lixo tá no canto
Não quer apanhar
E prá varrer o barracão
Eu tenho que pagar
Se ela deita de um lado
Não quer se virar
A esteira que ela dorme
Não quer enrolar
Quer agora um cadilac
Para passear...
Ela quer me ver bem mal
Vá morar com o diabo
Que é imortal
Ela quer me ver bem mal
Vá morar com o sete pele
Que é imortal...



Olhos Nos Olhos
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque



Quando você me deixou, meu bem,
Me disse pra ser feliz e passar bem.
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci,
Mas depois, como era de costume, obedeci.
Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer.
Olhos nos olhos,


Quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais
E que venho até remoçando,
Me pego cantando, sem mais, nem por quê.
Tantas águas rolaram,
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você.
Quando talvez precisar de mim,
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você diz.
Quero ver como suporta me ver tão feliz.




1- Em suas canções, os autores procuram representar facetas do comportamento atribuído a mulheres. 
2- Nas situações apresentadas nas canções, as ações apresentadas pelas mulheres são aquelas esperadas pelos modelos de comportamento (paradigmas) presentes atualmente em nossa sociedade?


Como nascem os paradigmas:






FILOSOFIA




Filosofia é uma palavra composta, que significa amor ao conhecimento ou busca da sabedoria. É, pois, certa atitude em relação ao conhecimento que define o filósofo. O filosofo não pretende já ser sábio, nem possuir a verdade. Se for assim, deixa de ser filósofo. Ou se torna um arrogante ou um dogmático, apegado às próprias convicções. Como Pitágoras já havia alertado, o saber definitivo pertence aos deuses. Mas, se reconhecemos que estamos no meio do caminho, ou nos preparando para caminhar, podemos conseguir muitas coisas.

Atitudes filosóficas:

Questionar: ser curioso, perguntar a si mesmo e aos outros sobre tudo que está aí, questionar as afirmações sobre a realidade, interessar-se pelas coisas e pensar sobre elas, suspeitar do que é dito facilmente, das convenções estabelecidas. O que é? O que são as coisas à nossa volta, como se definem, o que significam (os costumes, as crenças, a natureza). Quem somos nós, que significam nossa experiência, nossas idéias, sensações, emoções. Por exemplo: o que é a vida? Quem sou eu? Como acontece? Como funcionam as coisas naturais e humanas, que relações têm entre si. Por exemplo: como surgiu a vida? Como determinar o que é vivo ou não? Como eu sou? Como cheguei a ser assim? Por quê? Para quê? Qual o sentido, a razão, a justificativa, a finalidade, o objetivo das coisas ou dos fenômenos naturais e humanos. Por que são o que são e porque acontecem daquela maneira. Por exemplo: para que existe a vida? Por que eu existo?

Investigar: buscar respostas para as questões e os problemas, examinar e comparar estas respostas, buscar conclusões mais satisfatórias (embora nem sempre definitivas). Questionar as próprias perguntas que fazemos, para avaliar se são boas e se vale a pena investigá-las. Formular hipóteses, processar diferentes tipos de respostas, abrir um leque de alternativas. Comparar e examinar as alternativas, distinguir opções válidas consistentes, interessantes, significativas. Estabelecer critérios para julgar e classificar opções. Escolhê-las, defini-las. Formular e desenvolver conceitos que expliquem o quê, como e por quê. Analisar as bases a partir das quais construímos nossos conceitos e verificar se são seguras, claras e razoáveis. Buscar os princípios a partir dos quais podemos explicar as coisas.

Ampliar: Procurar ter sempre a visão mais ampla possível do assunto, levar muitas coisas em consideração para perceber ao máximo a abrangência do tema. Considerar maneiras alternativas de ver a realidade. Manter-se aberto a novas visões de mundo, cultivar o gosto pela diversidade. Procurar saber o que já é conhecido, levar em conta como e por que aquele conhecimento foi elaborado e se ainda pode nos ser útil. Imaginar novas possibilidades, desenvolver ideais e contrastá-los com a realidade. Perguntar-se de que modo a imaginação pode se transformar em realidade.

domingo, 16 de outubro de 2011

Evolucionismo x Criacionismo


Qual a sua origem?


Essa e muitas outras perguntas estão na mente dos seres humanos desde quando eles começaram a desenvolver seu raciocínio.
Para tentar explicar os fenômenos naturais e outras coisas originava-se a religião.
Foi na Idade Antiga que surgiu a religião que defende a teoria Criacionista.
A poderosa Igreja Católica Apostólica Romana logo se dividiu em duas, formando a religião dos atuais evangélicos.
Ao longo da História, pessoas que estavam interessadas na realidade, começaram a desenvolver a ciência (claro que eles não tinham em mente: "Nós vamos criar a ciência!!!").


Criacionismo
O criacionismo é a crença religiosa de que a humanidade, a vida, a Terra e o universo são a criação de um agente sobrenatural.
Evolucionismo
A teoria da evolução afirma que as espécies atuais descendem de outras espécies que sofreram modificações, através dos tempos. 




Os ancestrais das espécies atualmente existentes são considerados descendentes de predecessores diferentes deles, e assim por diante, a partir de organismos precursores, extremamente primitivos e desconhecidos. O evolucionismo prega o transformismo, explica a grande diversidade de formas de vida e rejeita o fixismo, segundo o qual o número de espécies é fixo e elas não sofrem modificações


Veja esse vídeo que demonstra basicamente essas duas teorias mais conhecidas pelo povo brasileiro: